À meia-noite de ontem, quando haviam sido apuradas 99,84% das urnas, Dilma tinha cerca de 46,9% dos votos válidos, três pontos porcentuais a menos do que o mínimo necessário para encerrar a disputa no primeiro turno. Faltaram pouco menos de 3 milhões de votos. No primeiro turno de 2006, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva teve 48,6% do eleitorado.
Viradas
O candidato do PSDB venceu em Estados onde Dilma era tida como favorita ainda na véspera da votação. Em São Paulo, por exemplo, abocanhou 40,7% do eleitorado, contra 37,3% para a adversária.
Uma semana antes da eleição, o Ibope indicava um quadro inverso em São Paulo: a petista liderava com 45% dos votos válidos, seguida pelo tucano, com 39%. Marina aparecia com 14% no Estado, e acabou com quase 21% - seu eleitorado, portanto, cresceu 50% em sete dias no maior colégio eleitoral do País.
Na Região Sul, Serra perdeu no Rio Grande do Sul, mas colheu duas vitórias imprevistas pelos institutos de pesquisa no Paraná (44% a 39%) e em Santa Catarina (46% a 39%).
Na Região Centro-Oeste, o tucano venceu em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul, por pequena margem (1,2 e 2,5 pontos, respectivamente), mas ainda assim em Estados onde a previsão era de desvantagem em relação a Dilma.
Na mesma região foi registrada a única vitória da candidata do PV em uma unidade da Federação: o Distrito Federal deu a Marina quase 42% dos votos válidos, uma vantagem de pouco mais de dez pontos em relação a Dilma, tida como favorita até poucos dias antes da votação.
Redutos
Enquanto Serra virava o jogo em Estados-chave do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste, Dilma obteve vitórias significativas no Nordeste, mas não suficientes para compensar o quadro no restante do País.
Na Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste, a petista obteve 62,5%, quase o triplo do obtido por Serra. Em Pernambuco, terra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela chegou a 61,7%. No Rio Grande do Norte, na Paraíba, em Alagoas e em Sergipe, o desempenho ficou abaixo dos 54%. Os Estados nordestinos onde Dilma foi melhor foram o Maranhão (70%), o Ceará (65%) e o Piauí (67%).
No Rio Grande do Sul, Estado onde desenvolveu sua carreira política, a candidata governista teve pouco menos de 47% dos votos - o suficiente para ficar seis pontos à frente de Serra. Mas a presidenciável teve, entre os gaúchos, proporcionalmente menos votos que o candidato de seu partido ao governo. Tarso Genro venceu no primeiro turno, com mais de 54% dos votos.
Votação nas cidades. O mapa da votação dos candidatos à Presidência nos municípios, publicado nesta página, mostra que tanto PT quanto PSDB perderam eleitores na comparação com o resultado de 2006.
Na maioria das áreas onde ganhou há quatro anos, o então candidato Lula teve margens maiores do que Dilma. Da mesma forma, Geraldo Alckmin, candidato na época pelo PSDB, venceu com mais folga do que Serra nas áreas "tucanas" do País.
A responsável por essa mudança é Marina, embora ela seja praticamente invisível no mapa - além do Distrito Federal, ela venceu em poucas cidades do Rio e de Minas, entre elas Belo Horizonte - e perdeu até em Rio Branco, sua base eleitoral.
Em 2006, a terceira força na eleição era representada pela alagoana Heloísa Helena, do PSOL, que definhou na reta final do primeiro turno e acabou com menos de 7% dos votos válidos.
Evolução
Na divisão do eleitorado por Estados, Dilma teve desempenho inferior ao de Lula na maioria deles. Em Minas Gerais, o presidente venceu com 51% há quatro anos, enquanto a ex-ministra da Casa Civil obteve 46%.
No Amazonas, onde Lula teve seu melhor resultado em 2006 (78%), Dilma ficou com 13 pontos porcentuais a menos (65%). Assim como Alckmin em 2006, Serra teve entre os amazonenses seu pior desempenho - menos de 8,5% dos votos.
Na comparação com Lula, Dilma conseguiu ir melhor no Rio Grande do Sul, em Alagoas e em três Estados do Centro-Oeste: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
A maior votação proporcional de Serra foi registrada no Acre (52,2%) - Estado governado há 12 anos pelo PT.Estadão
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